segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Traição tem perdão - Cap 1

July POV
- Não acredito nisso! - eu disse isso com o olhar mais sarcástico que conseguia. Não podia ser verdade que a Pri conseguiu pegar o telefone do Gabriel.
- Peguei e com muito gosto ! - ela sorriu, como se fosse uma conquista digna de ser aplaudida.
- Você já parou para pensar que isso pode ser obsessão?
- Concordo com você. - balancei a cabeça concordando com a carol sobre esse total absurdo.
- Gente! Dá para vocês pararem? Eu vou ligar para ele ! É a chance que eu tenho de sair com o cara mais GATO de toda a faculdade :'( ... O Gabriel é... - fez uma cara de pensativa.
- Mulherengo. - finalizei. Eu acho o Gabriel bonito também. Afinal, não posso negar que gosto dos olhos azuis dele, do  corpinho definido, da boca sedutora, mas é só isso.
- Ah pára! Agora que eu estou conseguindo o que eu queria ... vocês tem que abrir a boca? - parecia nada satisfeita com o que dissemos.
- Olha, não vou te impedir, mas acho que há homens melhores. Ele já é mulherengo e você ainda pede o telefone dele? Você deu o seu ou você que vai ligar? - pelo visto estava disposta a seguir com isso...
- Dei, é claro. Ele falou que ia me ligar, mas não vou aguentar de ansiedade. - disse como uma criança pedindo doce.
- Pelo menos você deu o telefone para ele. Só não vou dizer para esperar porque me parece inútil. - concluiu a conversa encarando-a.
 A Pri sempre foi a mais foguenta de nós três. Adora uma barriga de tanquinho, não pode nem vê que quer logo ir lavando roupa. Chega, fica chato.
 Sentei em silêncio no sofá do quarto da Carol e continuamos nos fitando como se nossas vidas não passassem de rotina.
- Tínhamos que fazer alguma loucura... - Carol quebrou o silêncio e eu ? Me espantei ...
- Ah não Ca-ro-li-ne! Não comece com as suas doidices!
- Vai gente... nós nunca fazemos nada demais... :'(
- Tô com você fofa! *-* - como assim a Pri concordou? Ela sabe que as doidices dela sempre acabam em encrenca...
- July? Vamos, por favor ? - me fitou com olhos de pidão...
- O que você tem em mente?  - acho que minha sobrancelha arqueada, ao perguntar, fez com que ela repensasse na situação...
-Podemos ir na boate Marble Hell , no centro, e falar com aquele garoto... Qual o nome dele?...- não sei como ela consegue falar tão rápido...
- Ricardo... - revirei os olhos.
- Isso! Ele gosta de você não é? Ele pode nos fazer entrar de graça ! *-* - como os olhos dela brilharam com a idéia, me assustando - Faz tempo que não vamos gente ... :'( . A loucura é você beijá-lo July ! haha ' - ela riu porque sabia da maldade. Eu não queria ninguém e sabia disso...
- Vamos amiga ! Desde que você deixou o Kai, nunca mais voltou a ser a mesma...
- Você não tem nada haver com isso... não quero ouvir esse nome. - meu corpo todo tremia de raiva, de decepção, minha cabeça parecia que ia estourar... enquanto a Pri nos olhava atenciosa...
- É, já faz 2 anos. Você tem 23! Passa para outra... -Pri apoiou as duas mãos nos meus ombros e olhou dentro dos meus olhos como se olhasse para a minha alma. Como pôde? Ela sabe que eu não quero passar para outra, não é tão simples assim...
 O pior... É que elas tinham razão. Depois que terminei com o Kai, nunca mais procurei me divertir... sem ele é difícil.

    *Flash back on*

 2 anos antes...
 - Você é a menina mais linda que eu já vi - seu tom sedutor e seus olhos me fitando sempre foram motivos para me arrepiar - seus cabelos... - alisou meus cabelos - sua pele clara... - afagou meu rosto, enquanto eu fechava os olhos e aproveitava cada toque.
 Ele beijou meus lábios de maneira doce e vagarosa ansiando para aprofundar o beijo.
 Os momentos com ele, eram os melhores de todos, ainda mais quando ficávamos abraçados no sofá da sala dele. Encostar a cabeça em seu peito, fechar os olhos, ouvir as batidas de um coração que sempre estava sincronizado com o meu é música para os meus ouvidos.
 - Eu te amo... - disse beijando o seu pescoço, fitando-o.  Seu olhar era aflito.- O que houve? - ousei perguntar. Seus olhos negros fundos se fecharam...
- Eu também te amo, mas preciso lhe contar algo... - afastou-me de seus braços e sentou-se de frente para mim com um ar sério e preocupado. Só me dei conta de que a preocupação era grande quando uma lágrima rolou de seu rosto...
- Me diz... está começando a me assustar...- minha voz tremia.
 Ele abaixou a cabeça escondendo seus olhos embaixo da franja negra que não pôde esconder a lágrima que escorreu de seu rosto.
-  Eu te traí...semana passada quando fui ao Japão. - finalmente ele me encarou e eu estava congelada no meu lugar, minhas mãos suavam, podia sentir o frio nos meus pés descalços e o meu coração acelerando...
- Você... o ... quê? - eu não me mexia, meus olhos olhavam para o nada...
- Foi sem pensar... me perdoa! A última coisa que gostaria é de te perder. Eu te amo... - quando ele me abraçou senti a pele dele ardendo contra a minha. Percebendo que eu não mexia, me soltou e a minha cabeça pendeu, pude sentir uma lágrima rolando pelo meu rosto.
- Como pode me amar? - falei quase sem ar... - me traindo? É assim que me ama? - me descontrolei, meus olhos se encheram de lágrimas e só pude  dar socos em seu peitoral... - É assim? - estava histérica.
 Ele não se mexia, não falava, não me olhava, só ficava parado aceitando tudo que eu fazia e falava...
- É isso que você faz lá? Foi bom? Quando está comigo pensa nela? - não sabia se gritava, se chorava... perdi os sentidos e ele apenas ficava lá, parado. - Eu não quero mais te ver... nun-ca mais... - parei, olhei e saí em direção à porta, mas ele segurou o meu braço e eu reagi com um tapa em sua face..
- Não vai, por favor... - seus olhos eram profundos nos meus... Soltei-me agilmente, peguei minha bolsa e parti.
 Vaguei pela rua, sem rumo. Como ele pôde?  Não consigo imaginar... Por que fui confiar? Eu pensei que ele me amasse. Então, qual era a intenção das carícias?
Seus olhos rasgaram o meu coração, doía em cada rachadura...
Ele parecia arrependido, mas duvido... Se ele me amasse, não me trairia...
 O mar ia e vinha, batendo no píer. Parei para olhar, refletir, respirar. O sol já ia nascer...
Meu celular toca, é o Uke Yutaka. Não queria vê-lo, ouvi-lo, nada. Não iria atender para escutar desculpas forçadas...
O homem que eu mais amei me traiu.
- Por que comigo?- senti minhas lágrimas esquentando a minha face decepcionada...
O sol nascendo foi o único que conseguiu prender a minha atenção naquele instante, mas não podia mudar o que eu estava convicta... Não tinha perdão.

Cheguei em casa, subi as escadas, entrei no quarto e bati a porta. O quarto parecia, naquele momento, o melhor refúgio.
 -O que houve? O Kai ligou preocupado... – ouvi aquele nome enquanto subia as escadas, foram como uma lança no meu coração. Pude apenas subir, me jogar na cama e mergulhar em meus pensamentos.
 Então o ‘outro‘ não contou a elas... covarde. Meus olhos se fecharam por um instante e caí em sono profundo. Mergulhei em uma escuridão e por lá quis ficar... não queria acordar. Só pude sonhar com o rosto do 'outro', enquanto luto para não focar nele e evitá-lo, mas não passa de um sonho. Finalmente, meus olhos se abriram. O quarto estava escuro, com a janela aberta, já era noite. Tudo estava limpo, só podia ser coisa da Carol e da Pri, mas não me animava...
 Meu corpo enrijecido como se tivesse parada por uma eternidade. Tentei me levantar, mas minhas pernas penderam ... me deixando de joelhos ao lado da cama onde me apoiei... simplesmente, não tinha reação.
 - O que houve? Ouvi barulhos... - Pri entrou no quarto, se ajoelhou ao meu lado e me abraçou.- Não fica assim amiga... - eu só pude chorar em seus braços enquanto ela quieta afagava meu rosto, mas é inútil...ela só podia limpar as lágrimas, mas não acabar com a dor...
- O Kai me traiu... como pôde? - disse rápido para não pensar... não doer mais do que já doía...Enquanto ela continuava quieta me ouvindo...séria.
- Vamos levantar. - ela me aconselhou. Me apoiei nela para me levantar, me sinto fraca, só pude me jogar na cama...
- Quanto tempo eu dormi? - afinal, não tinha noção nenhuma do quanto havia dormido. Só via a lua da minha janela.
- 3 dias. - não tive reação. Ela abaixou a cabeça - Passamos um problemão com você. Não sabíamos o que havia acontecido. Quando você não acordou no dia seguinte e não nos ouviu chamando para o café da manhã começamos a ficar preocupadas e subimos para te vê. Você ardia de febre e na segunda noite você se debateu na cama. Eu e a Carol revezamos na faculdade para ficar com você. - ela olhou em meus olhos. Não sabia o que dizer, não sabia que estava sofrendo tanto...

*Flash back off*

 Passei semanas com delírios e febre. Agradeço a Deus por ter Carol e Priscilla comigo. Não são todas as amigas que revezam na faculdade por outra.
 - Tudo bem ... vamos na Marble Hell ¬¬' - cedi, mesmo não acreditando no que eu acabara de fazer.
 - Isso! Agora ligue para o ... - me olhou esperando uma resposta.
- Ricardo... ¬¬' - revirei os olhos.
- É, é. Vamos lá, é para hoje. - ela nos expulsou do quarto as pressas.

 Abrindo o meu armário é que eu percebi o quanto eu havia perdido. E do jeito que a Carol é, ela vai querer inventar algo. Já eu, não combino muito com o estilo da Carol. Meu Deus, ela vai me empurrar para todos os garotos...Não acredito que isso está acontecendo. É difícil me vê com alguém...
- Você já ligou? - meu coração disparou.
- Que susto ! Como você invade o meu quarto desse jeito Carol? - tive a impressão de estar tendo um enfarte. Pelo menos me sentia viva assim.


- Alô? - não havia percebido que a voz do Ricardo era tão doce, ainda mais no celular.
- Oi Ricardo, é a Julyanne. - saiu a voz mais falsa que já ouvi.
- Oi, que saudades. O que aconteceu para me ligar a essa hora? - ficou entusiasmado até demais...
- Preciso de um favor seu. - sorri- Preciso que você consiga três entradas de graça para a Marble Hell hoje. Consegue? - finalizei.
- O que eu ganho com isso? - Que discarado!
- Decido quando chegar...às 01:30 am? - meu rosto estava corando de vergonha.
- Por mim, tudo bem...- me pareceu satisfeito - É só chegar e falar  que o Ricardo Monsetti autorizou a entrada de vocês. Ok? - Convencido... ¬¬'

- Ok. Beijos. - desliguei rápido, não queria prolongar essa tortura.
 
 O que eu estava fazendo? Fugindo da verdade? Tentando provar alguma coisa para mim mesma? Provar que não dói mais?Mesmo sabendo que é mentira?

- Oi? Ainda está aí? Eu hein... paradona com o celular na mão... O que ele disse? - Carol me tirou de um transe.
- Falei... tá tranquilo. - sorri falsamente para desconversar, mas é impossível com a Carol.
- Precisamos te arrumar... - era só o que me faltava ¬¬
- Me arrumar? Como assim? Isso não estava planejado...
- Agora está... - como ela conseguia isso, eu não sei, só sei que ela não faz Direito à toa.
- O que eu perdo com isso ? vamos lá. - Não sabia até onde isso iria, mas o que custava?

***

 Quanto mais nos aproximávamos da boate, ficava mais nítido as pessoas na fila, animadas, com copos na mão e rostos felizes... até demais. Fazia tempo que não saía na rua a essa hora e via rostos diferentes.
- Somos July, Pri e Carol... O Ricardo Monsetti... - fico impressionada com a ousadia da Carol em certos momentos, mas é muito bom...
- Já estou sabendo. - cortou o segurança - Venham comigo.

  Entrar na boate foi como mudar de dimensão. As pessoas eram chiques, as luzes, as roupas, os corpos se mexendo como se fosse o último segundo vivos... Aquilo não era vida para mim, nunca foi. Cortejos, olhares, a cada dia parece que as pessoas se afundam mais na ilusão. Mas, logo eu digo isso. Eu que deixei de viver dois anos por causa de um infortúnio.
 O segurança andava pelas pessoas com muita destreza e nós apenas seguíamos. Para onde ele estava nos levando eu não sei, mas com certeza Ricardo planejara aquilo tudo. Deve estar querendo impressionar...
- A mesa de vocês. - O.O e que mesa! - O Sr. Ricardo já vem falar com vocês. Vou retirar-me , licença.
 Fiquei sem palavras olhando aquela mesa VIP, com serviço particular... área VIP. Eu não sabia que o Ricardo tinha tanto prestígio assim. Quem diria, talvez antes de conhecer o Kai tivesse investido nele e agora não estaria sofrendo.
 A mesa estava com taças de champaing, pratos a parte, talheres arrumados e QUATRO cadeiras... já estou até vendo que ele irá sentar com a gente.
- Que isso hein July... o cara é boa pinta e você ainda rejeitou.- a cara da Carol foi hilária e tenho que dizer que eu aproveitei para aumentar um pouco a minha alto-estima.
- Oi meninas ...- ele sempre aparecia do nada. Mas estava bem vestido: calça dins azul escuro, tênnis brancos e blusa da mesma cor com um 'blazer' cinza escuro, bem cortado, sobreposto. 'Hmmmmmm...' - Oi Julyanne. - era impressão minha ou parecia sair notas musicais da boca dele?
- Oi Ricardo. - minha bochecha ardia.
- Por favor, sem formalidades, não precisa falar meu nome a cada vez que for dizer algo. - ele já me conhecia bem, depois de tantas vezes tentar algo comigo.
- Tudo bem - sorri.
- Oi Pri. Oi Carol. - claro que com elas duas o jeito de falar foi diferente... ele foi falar com elas, mas sem a sutileza na fala, toque na cintura... e voltou para falar comigo, reparei que até o andar dele havia mudado.
- Então, você é dono da boate...- só pude perguntar, não sabia quase nada sobre ele, apenas que era 3 anos mais velho que eu, que morava duas ruas depois da minha, sozinho, e que tinha terminado a faculdade ano passado.
- Sou. Eu não falo isso para muitas pessoas, elas podem pensar que quero me aproveitar disso.- é verdade, se fosse com a Carol e a Pri. - mas sinto que você é diferente... - o olhar dele atingiu o meu, fazendo com que eu arrepiasse e fugisse. Fazia tanto tempo que não vivia aquilo que até com vergonha eu fiquei. - Vamos nos sentar, por favor. - que sorriso carismático.
 Como todo o bom cavalheiro, achegou-se por trás da minha cadeira e a posicionou para eu me sentar. É quase surreal pensar que ele espera por esse momento a 3 anos.
Ele se sentou ao meu lado, é claro.
- O que a fez repensar e vir me ver? - sua postura era descontraída. Sua pele morena e cabelos pretos lisos  combinavam com o seu sorriso.
- Bom, cansei de ficar em casa e resolvi sair, pensei que você trabalhasse aqui e podíamos nos encontrar. - eu ainda sabia conversar como uma pessoa normal, sem falar dos problemas...
- Depois que você terminou com o Kai, não foi a mesma pessoa... - a minha respiração começou a falhar - Você ficou emocionalmente fraca, fiquei muito preocupado ... - sua mão alisou o meu rosto e desceu até a minha cintura, chegou até o meu ouvido e finalizou dizendo:
- ...mas não mudou o que eu sinto por você.
 Um arrepio subiu pela minha espinha me fazendo fechar os olhos. Eu podia sentir a respiração dele no meu pescoço, quente e devagar.
- Não se preocupe, farei você esquecê-lo. - ele foi saindo de perto de mim e eu pude respirar novamente. Como ele mudou tanto... ele me seduzia, me atraía, mas era de longe do que eu sentia pelo Kai...com ele era mais amor e menos atração física e isso doía em meu peito.
 Senti um aperto no meu peito e meu corpo começou a enfraquecer, minha visão estava ficando turva... não, não, não... O Kai sorrindo, o seu toque, lembranças e mais lembranças estão na minha mente... meu físico não ...
- Cadê a Pri e a Carol ... - me apoiei na mesa me levantando, mas o Ricardo segurou o meu braço...
- Você está bem ?
- Cadê elas? Eu preciso delas.



To be continue...

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